Celso Roth revela conversa com Pelé após a conquista da Libertadores de 2010
O maior título da carreira do técnico Celso Roth aconteceu no ano de 2010, quando o Inter bateu o Chivas por 3 a 2 em Porto Alegre e conquistou o bicampeonato da Libertadores da América.
O treinador concedeu entrevista para o portal Globo Esporte e revelou o bate-papo que teve com Pelé depois da conquista.
“Nos abraçamos, nos beijamos, e ele me deu os parabéns pelo que o Inter estava jogando, dizendo simplesmente isso: ‘obrigado por resgatar o futebol brasileiro’. Essa frase eu não esqueço. O reconhecimento do Pelé vale bem mais do que um título”, disse Celso Roth.
Roth ainda lembrou do convite do Inter, após se classificar para semifinal da competição e demitir Jorge Fossati. Na época trabalhava no Vasco da Gama, que havia superado o próprio Inter no Campeonato Brasileiro.
“Naquele primeiro momento, foi muito complicado. Além de eu estar começando um trabalho no Vasco, o desafio de ir para o Inter estando numa semifinal de Libertadores, mesmo que tivéssemos tempo para trabalhar, eu tive uma dúvida muito grande. Porque mesmo que tivesse o tempo de 40 dias, o grupo me aceitaria? Mas eu sou talhado para desafios. Aceitei o convite do Inter. Felizmente, as coisas se encaminharam de uma forma que a gente conseguiu o resultado. Quando consegue o resultado, fica tudo bem”, lembrou.
O técnico também falou sobre o esquema utilizado para tornar o Inter bicampeão da Libertadores da América.
“Eu nunca usei esquema defensivo. Sempre procurei ter uma equipe equilibrada, é isso que se procura no futebol. Eu vejo as pessoas jogando com três zagueiros, três volantes, ninguém mais chama de retranqueiro. São rótulos que colocam, principalmente vocês da mídia, e não adianta botar contra, porque é dar murro em ponto de faca. Se vocês derem uma olhadinha nos meus números, eu não sou retranqueiro. Mas fiquei com rótulo. Tem gente bem pior do que eu que está treinando equipes aí e tiveram esquemas táticos bem mais fechados, para não dizer retranqueiro, do que eu normalmente uso”.
Questionado sobre o time do Inter em 2010, o treinador lembrou que a equipe tinha vários destaques e que precisou trabalhar para que todos participassem dos confrontos.
“Era um timaço. Tinha que arrumar um jeito de botar os três jogadores que estavam se destacando: Giuliano, Tinga e D’Alessandro. Esses três tinham que jogar. Então eu fiz o quê? Coloquei dois volantes, o Sandro e o Guiñazu, mais o Alecsandro na frente. Mas o time ficava com a bola o tempo inteiro sem profundidade. Essa profundidade veio com o Taison. Aí, infelizmente tinha que escolher um para sair. Quem eu escolhi? O melhor jogador da América. Veja se esse time não tinha qualidade técnica?! O Giuliano foi sacrificado, que era nosso 12º jogador. Dentro de uma simplicidade de fazer e juntar jogadores de qualidade técnica, tive essa felicidade de achar a maturidade do time tecnicamente e profundidade com o Taison”.
Para finalizar, Roth ainda falou sobre a relação com a torcida do Inter depois do rebaixamento em 2016, quando também estava à frente do clube gaúcho.
“Está normal. Eu nunca deixei de fazer as minhas coisas. A torcida reconhece muito meu trabalho. Sabe que o que aconteceu em 2016 não foi técnico. Aliás, foi técnico, mas tinha razões para ter acontecido. Estamos vendo aí. Existem encaminhamentos de processos até hoje. Eu trabalhei 64 dias no Inter, ninguém consegue fazer nada. Depois que as coisas vieram à tona, o torcedor ficou sabendo. Não tinha como alguém dar a volta para poder não deixar o Inter derivar para aquela situação que já estava alinhada para acontecer antes de a gente chegar ali”.