Tamara Cardoso: De Torcedor para Torcedor, com Paulo Issler
Aqui o torcedor colorado tem a total liberdade para conversar conosco.
A entrevista de hoje é com a participação de Paulo Issler, um dos torcedores mais fanáticos pelo Internacional. Ele contará tudo o que vocês precisam saber, acredito que muitos vão se identificar com as declarações do colorado.
Confira:
– Paulo, qual foi o primeiro jogo do Inter que tu foi?
“Foi em 1996. Sou velho (rsrs). Era um jogo pelo Torneio Mercosul, vencemos o San Lorenzo por 3 a 0. Meu maior ídolo da época estava em campo: Gamarra. Meu pai me levou. Não assisti ao jogo completo, pois chegamos depois dos 30 minutos do segundo tempo, nem pagamos o ingresso.”
– Qual o jogo que mais te marcou?
“Eu tenho um carinho especial pelo Inter x Libertad no Beira-Rio em 2006, na semifinal da Libertadores. Jogamos contra o Guiñazu, que depois veio honrar nosso manto aqui no sul. Nesse ano eu só pensava na conquista da América, e justo nesse dia estava participando de um festival de músicas bem na hora do jogo. Vi pedaços do jogo, estava quase subindo no palco quando o Alex guardou, e minutos depois o Fernandão sacramentou o 2 a 0. Foi de arrepiar ver o locutor do festival passando um comunicado oficial de que o Inter era finalista da Libertadores!”
– Sua análise da torcida: O que mudou dos anos anteriores pra cá?
“É uma coisa que reflito muito. Os torcedores cobram muitos uns dos outros, principalmente quando a fase é ruim. Quando as coisas vão mal, a primeira coisa que vemos é o pessoal medindo e comparando o coloradismo de cada um, como por exemplo pela quantidade de vezes que vai ao estádio. Penso que torcedor de verdade é todo aquele que vê o time pior e fica triste, não dorme no outro dia, não quer sair de casa, independente se viu o jogo no estádio, no bar, no meio da aula, ou com radinho no ouvido deitado na cama. Torcedor tem seus motivos pra não conseguir ir em todos os jogos: distância, dinheiro, colégio, faculdade, trabalho. Mas isso não faz ele menos torcedor que os outros.”
– O que tu sentiu, e como lidou com a queda do Inter para à serie B?
“Não é fácil. Minha ficha começou a cair quando o Valdívia errou aquele pênalti contra o São Paulo. Ali percebi que era uma realidade. Série B sempre foi meu maior medo como torcedor colorado, e de fato: achei que nunca cairíamos. Mas esse medo se amenizou com a tragédia da Chapecoense. Ali vimos o que é dor de verdade. Além disso, também perdemos um ídolo. Quando caímos, fiquei com as palavras da esposa do Fernandão, que disse ao torcedor colorado que vamos superar, que nossa dor tem cura, tem volta, enquanto a dor dela não. Isso mexeu muito comigo. Tem males que vem pra bem, como em 2005: acho que se não tivessem nos roubado não teríamos tido tanta determinação nas conquistas do ano seguinte. Óbvio que todos querem ver seu time sempre na Série A, mas jogar a B não será o fim do mundo. Somos gigantes e vamos dar a volta por cima!”
– Qual a tua análise do elenco atual do Inter?
“Gostei de todas as contratações. Tenho gostado muito do trabalho da diretoria. Gosto da filosofia que adotaram: agem com cautela, prezam pela humildade nos microfones e não caem em provocações. Isso tem que deixar pra nós, torcedores. Sobre peças, ainda acho que precisamos de volante e meia. Temos bons, mas não temos substitutos pra essas posições.”
– Me conte sobre o teu dia-a-dia:
“Sou um estudante de Direito que quer fazer seu TCC sobre a injustiça do Brasileirão 2005. Também trabalho com foto e vídeo em eventos. Isso faz com que eu tenha um contato bem amplo com pessoas. Por ter um projeto na internet com música e humor relacionado ao Inter, escuto muito o que as pessoas pensam sobre isso, não somente os colorados. Sei deixar a rivalidade de lado. Procuro ouvir o que o torcedor gremista também pensa sobre o trabalho do Acusticolorado, que eu movimento com meus amigos Jordan Nunes e João Rocha. E olha como a rivalidade é legal: meu irmão Pedro Issler (que é gremista) é quem nos ajuda nas produções de vídeo do projeto. Mas tudo tem um preço, né? Tive que retribuir filmando ele tocando o hino do Grêmio no violão. Tapei os ouvidos e filmei bem feliz (rsrs).”
Agradeço ao tempo que o torcedor dedicou para a Revista.
Inter é muito mais que um time; não é apenas um jogo, Inter está na nossa vida!