Erick Jardim: Gigante Para Sempre
Foto: Divulgação / Inter |
Confesso que é muito difícil escrever numa hora dessas, onde ainda não caiu a ficha sobre o que aconteceu no dia de ontem. É um sentimento que jamais imaginei ter como torcedor colorado.
Quando falávamos que time grande não cai, vejo que estávamos certos, pois time grande não cai, mas um clube grande cai quando não é administrado da maneira que um clube da grandeza do Inter deve ser. Ocorreram inúmeros erros que fica difícil de falar neste momento.
Nasci em 1990, portanto não vi os melhores times da história do Internacional, não vi nosso estádio sendo construído sobre a água e também não vi meu time perdendo uma final de Libertadores contra o Nacional do Uruguai. Nasci numa época de vacas magras do clube, onde vencer um greNAL era motivo para que eu usasse minha camisa do Inter por uma semana inteira na escola. Fui motivo de chacota pelo clube que escolhi torcer durante muitos anos, porém, sempre me orgulhei em dizer que eu era torcedor do Clube do Povo. Vi o gol salvador do Dunga contra o Palmeiras, era uma criança, mas lembro perfeitamente deste jogo, pois estava com meu tio assistindo de joelhos na sala. Chorei copiosamente quando o Régis fez o gol da classificação para as semifinais da Copa do Brasil em 1999 com um gol de cabeça no segundo tempo. Vi Fabiano fazer minha alegria durante um ano inteiro, vi Christian fazer gols que me davam coragem de argumentar com todos aqueles que diziam que eu nunca havia visto meu time não ganhar nada, mas lá estava eu, uma criança de vermelho cercada de uma geração azul.
Não escolhemos o time para o qual torceremos para o resto de nossas vidas, na verdade penso que o time nos escolhe, e agradeço todos os dias da minha vida pelo fato de ter sido escolhido pelo Inter para ser seu torcedor e sua voz em todos os momentos. Cresci numa época onde era muito mais cômodo mudar de time e torcer para o lado que vinha vencendo e depois justificar que era criança, mas nada poderia me separar do Inter. O Inter é um sentimento inexplicável, onde por muitas vezes faltam palavras para descrever, e nestes momentos uma lágrima ou um sorriso respondem a pergunta que me faço: O que é ser Colorado?
Meu avô era um colorado fanático, que durante minha infância me ensinou tudo o que sabia sobre a história do Inter, me mostrou qual a real essência de ser o Clube do Povo. Me falou sobre o Rolo Compressor, Rolinho, Carlitos, Tesourinha, Larry, Figueroa, Valdomiro, Falcão, Bodinho, título invicto. Eu achava estas histórias incríveis, falava com o maior orgulho sobre os feitos do time tricampeão brasileiro como se eu tivesse presente nestas conquistas mesmo sem ter nascido. Eu me perguntava: “Como pode eu me orgulhar tanto de algo que eu nunca vi? Como eu tenho tanto orgulho de coisas que apenas ouço de outros colorados? Como isso pode acontecer? Por qual motivo tenho tanto amor por este Clube sendo que nunca vi ele ganhar nada?” Ontem, da pior maneira possível, eu tive todas as respostas de quando eu era apenas uma criança com o sonho de ver meu time ganhar. Eu sou parte do Internacional, aliás, TODOS os colorados são parte do Internacional. A grandeza de um clube não é medida por suas conquistas, suas desilusões, vitórias ou derrotas. A grandeza de um clube é medida pelo amor de sua torcida.
Cada torcedor é parte do clube. Cada torcedor tem sua história. Cada torcedor tem seu pedaço do Inter. O Inter é de todos, é do POVO colorado que sempre esteve ao lado do clube em todos os momentos, que nunca abandonou o time independente da situação, e tenho certeza que num momento tão difícil para nós, a união fará com que possamos crescer ainda mais voltando com dignidade para um lugar que é nosso.
Já vi um Inter conquistar diversos títulos, como Mundial, Libertadores, Sul-Americana, Recopa, vi muitas conquistas do Inter, mas nenhum destes títulos se compara à maior conquista da história deste clube: EXISTIR
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