Anderson comenta briga com William: “Ninguém pode meter a mão na minha cara”

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Foto: Ricardo Duarte / Inter 

Na manhã desta quarta-feira, o meia Anderson realizou uma ação social no Instituto do Câncer Infantil. O atleta colorado doou 120 mochilas com kit escolar e brinquedos. Também foram doados cadernos disponibilizados pelo Inter.

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Após o ato, o meia conversou com o jornal ZH e explicou, entre outras coisa, a briga com o lateral-direito William.


Confira os principais trechos da entrevista.

Partiu de ti essa ação social no Instituto do Câncer Infantil?
Sim. Na minha carreira, tudo o que tenho, mereci. Trabalhei para merecer. Muitos amigos que tinham talento acabaram parando, desistindo, indo para outro lado. É um caminho perigoso o da minha realidade, uma família pobre de quatro filhos, criada com R$ 400 por mês. Saí cedo, fui sustentar a casa com 14 anos. E algumas pessoas me ajudaram, isso me serve como exemplo. Minha mãe é uma delas. O Silvio (Giordano, ex-dirigente do Grêmio), também. Por isso, faço essas ações. Mas normalmente faço em silêncio, sem falar para ninguém. Já ajudei muita gente na rua que eu nem conhecia.

Falaste no Grêmio. Achas que esta marca do rival influencia em uma certa mágoa da torcida contigo?
Sem dúvida. Só que sempre quis vir para o Inter. Eu que escolhi, tanto que o Inter não pagou nada. Não pagou 15 milhões, 20 milhões, nada. Poderia ter ficado na Europa, tive três, quatro propostas. Mas decidi vir para vencer aqui. Claro que minha história com o Grêmio pesa para uma implicância, sem dúvida. E só resolvo isso dando resposta dentro do campo.

Agora a resposta precisará ser em outra realidade, inclusive financeira. Tu estás pronto para te adaptar a isso?
Não cheguei a conversar ainda com ninguém, mas quero ajudar o Inter a voltar para o lugar dele…

É que se fala do interesse do futebol mexicano…
Não é minha vontade. Quero ficar aqui. Só se o Inter precisasse de dinheiro e me dissesse que precisaria me negociar. Mesmo assim, vou bater pé. Não quero sair. Meu plano é ficar no Inter.

Conheces o Antônio Carlos Zago?
Joguei contra ele algumas vezes, quando ele era zagueiro, e nos falamos na final do Gauchão.

Achas que a experiência europeia dele pode te ajudar, ou pelo menos entender o que queres?
Nem é pela experiência. O futebol não é tão difícil, as pessoas é que complicam o jogo. Temos que entender que o futebol não é como antigamente, que o time melhor ganhava do pior quase sempre. Agora está nivelado, principalmente aqui no Brasil.

Sobre este ano, D’Alessandro comentou que já em 2015 havia coisas erradas, mas o campo salvou, e encobriu o que não funcionava. Por que em 2016 não conseguiu?
Não vejo assim, cada um tem sua opinião. A minha é: a culpa é nossa, dos jogadores. Não posso só dizer que tem coisas erradas porque eu faço parte das coisas erradas. Todos do clube fazem parte das coisas erradas. Mesmo assim, se nós tivéssemos vencido um jogo a mais, não estaríamos nessa situação. Empurramos com a barriga, e o futebol não leva desaforo para casa. O Inter tem uma base boa, de jogadores muito bons. Mas é jovem, com jogadores com menos de 25, 27, 29 anos. A experiência faz diferença. Tínhamos só Alex e Ceará, que foram importantes.

No Manchester United, trabalhaste oito temporadas com o mesmo treinador (Alex Ferguson). Aqui, foram quatro técnicos em menos de um ano.
É difícil pegar a filosofia de um, duas semanas depois muda. Em nenhuma profissão isso dá certo, até na tua. Não tem como criar uma sequência. Isso nunca tinha acontecido na minha vida. Ficamos quase um ano com o Argel, daí trocou para o Falcão, joguei um jogo (contra o Cruzeiro), fui capitão e saí no intervalo depois de dar o passe para o gol. Não entendi. Mas respeito o trabalho de todo mundo. Respeito as decisões, todas. Nunca vou bater de frente com treinador, não é meu estilo.

O que esperas do próximo ano para o Inter?
Com o D’Ale, o Inter vai crescer. Ele é um cara que briga pelos jogadores. Acabamos o ano mal, teremos umas férias de m… . Temos de baixar a cabeça, trabalhar e voltar, sabendo que a torcida nos apoiou até o final e vai continuar.

E o que tu vais fazer de diferente em 2017?
Quero ter uma sequência boa. No momento em que tiver sequência, vocês vão ver um Anderson diferente. Mas em 2017, primeiro temos que devolver o Inter ao lugar dele. E no ano seguinte, ganhar alguma coisa importante com o clube, a Copa do Brasil ou o Brasileirão. Este ano chegamos à semifinal, levamos aquele golzinho em casa no final (de Pratto, para o Atlético-MG) e quase ganhamos lá. É importante ganhar o Gauchão, também. Mas conquistar um título maior seria uma honra para mim, fazer história nos dois clubes. Quem me conhece sabe que sou teimoso: quando vim para cá, era para conquistar títulos. O Inter me surpreendeu, as pessoas são ótimas, me ajudaram nos piores momentos. O Fernando Carvalho foi um dos que me abraçou. E tentei ajudar, dei meu máximo, nunca faltei treino.

Inclusive, deu até problema em treino…
Com o William?

Isso.
Foi uma situação complicada. Eu respeito todo mundo. Joguei com Cristiano Ronaldo, Tevez, Evra, Ferdinand e outros tantos consagrados no futebol. Sempre respeitei todo mundo. Mas tem limite. Sou pai, o William agora também é. As pessoas pegaram a briga pelo outro lado. Na verdade, o que fiz foi me defender, como qualquer homem faria. Com todo o respeito, nasci na vila. Ninguém pode meter a mão na minha cara. Poderia ter sido qualquer um, até um Paulão da vida, que iria me matar depois (risos). Mas defendi minha honra. Foi uma briga dos dois. Fiz meu papel de homem, jamais posso deixar alguém botar a mão no meu rosto. Eu sou pai, cara. Foi uma situação chata, que a torcida pegou pelo lado errado. Mas agora também já passou, não tem porque ficar falando.

Isso acontece com mais frequência do que sabemos?
No Inter, não. O grupo é ótimo. Valdívia, Danilo, Anselmo. O pessoal se encontra bastante, convive. Eu sou um pouco mais reservado, vou para minha fazenda nas horas vagas. Mas o grupo é excelente.
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