Caroline L. Borges: O que sobrou da reconstrução

0

Exatos três anos após o pior momento da história do clube, com o rebaixamento em 2016, o Inter parece ser ainda um barco à deriva. Reconstrução foi a palavra escolhida por dirigentes, jogadores e até pela imprensa para definir a trajetória colorada após a queda. Ouvimos esse termo inúmeras vezes… entendemos o momento, fomos pacientes. Agora um triênio depois daquele 11 de dezembro é impossível não pensar o que, de fato, sobrou da tal reconstrução.

Vejamos: treinador, definitivamente não. Estamos as vésperas de anunciar o argentino Eduardo Coudet para comandar a equipe em 2020. Após Zago, Guto Ferreira e Odair Hellmann, Coudet surge como uma opção de ruptura com o modelo reativo praticado pela Inter nos últimos anos. Um treinador que deverá trazer um novo estilo de jogo, uma nova ideia de futebol, ou seja, começa do zero.

Jogadores? As carências do grupo de jogadores do Inter são facilmente identificadas por qualquer um que assista o time jogar. As laterais são deficientes, a transição da defesa para o ataque lenta e previsível, a criação é pobre, os atacantes de lado do campo insuficientes. Incontestáveis mesmo apenas os goleiros, o zagueiro Victor Cuesta, o nosso ídolo D’alessandro, único armador do elenco, e o centroavante Paolo Guerrero.

Aí o torcedor pensa, erramos com treinadores, erramos com jogadores, mas as contas estão pagas! Recuperamos as finanças, revelamos craques e enxugamos a folha de pagamento…temos saúde financeira para ir ao mercado e trazer bons reforços. Engana-se o torcedor. O Inter tem dívidas e provavelmente fechará o ano zerado ou devendo. Para comprar terá que utilizar um caixa que não possui, ou seja, dificuldades se aproximam ali adiante.

O que eu quero dizer com isso? Que a tão falada reconstrução colorada está longe de acabar, visto que passados três anos de seu início pouco ou nenhum legado deixou. Fizemos boas campanhas no Campeonato Brasileiro do ano passado e na Copa do Brasil desse ano, é bem verdade, mas na hora da decisão faltou o algo a mais que nos permitisse virar esse capítulo. Não duvido do trabalho direção, nem da dedicação dos profissionais que fazem o dia-a-dia do clube mas acredito que após três temporadas poderíamos estar melhor posicionados para o futuro. E não me refiro a conquista de títulos, embora sejam eles o objetivo do futebol. Falo de organização e ideia de trabalho, jogadores revelados, formação de time e saúde financeira. Há ainda muito trabalho pela frente.
De construído mesmo e forte como uma rocha só o amor do torcedor colorado pelo seu clube, à prova de qualquer destruição.

twitter: carolineleivasb

você pode gostar também
Deixe uma resposta

Seu endereço de email não será publicado.