Em entrevista a jornal, Piffero explica contas de sua gestão e diz que “não meteu a mão”
Foto; Reprodução |
Após a divulgação de que o presidente Piffero deixaria o Inter com um déficit de R$ 50 milhões e outras contas a serem pagas pela nova direção, o presidente colorado até o dia 31 de dezembro de 2016, se explicou em entrevista ao ZH, dando sua versão.
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confira os principais trechos da entrevista abaixo:
O que o senhor tem a falar sobre os números que vieram a público e foram tratados por mim na coluna desta quarta-feira?
Vou explicar de onde vem os R$ 50 milhões apontados como déficit. Está tudo no Portal da Transparência. Já em 2014, o déficit foi de R$ 50 milhões. Em 2015, teve superávit por causa de venda de jogador. Em 2016, vai depender como será incluído isso no fechamento do ano, na contabilidade. Dependerá conforme as luvas da Esporte Interativo e da Globo serão observados no balanço. Se isso puder entrar como dinheiro recebido em 2016, praticamente não tem déficit. Se não entrar, teremos quase o mesmo déficit de quando assumirmo. O dinheiro entrou, foi gasto, entrou nas contas do clube, mas por uma regra contábil, e essa não é minha área e também não deve ser a tua, se coloca o ingresso lá adiante. (O dinheiro) Vai aparecer contabilmente.
Essas verbas já entraram no caixa, portanto?
Já entraram, foram um pouco mais de R$ 60 milhões. Nossa projeção de venda de jogadores era de R$ 58 milhões, eu vendi só o Alisson, em torno de R$ 18 milhões. Se tivesse vendido outros R$ 40 milhões, hoje não haveria essa diferença de R$ 50 milhões ditos como déficit. Em vez de vender, trouxe dinheiro novo, de fora, para o clube.
Esse dinheiro entrará no balanço do clube quando?
Dependendo da contabilidade, como recursos que entraram neste ano ou diferido para os anos seguinte. Mas vai aparecer que existem esses recursos. Eles não decidiram ainda como vão aparecer. O dinheiro entrou e pagou-se conta do clube. Eu paguei em 2015 e 2016, quase 80 milhões de contas referentes à gestão anterior. Inclusive na aquisição de direitos de jogadores.
Quais jogadores presidente?
Paulão, Aránguiz, Alex, Luque. O clube não se encerra em dois anos de mandato. Eu herdei da gestão passada essas contas, de jogadores que já estavam aqui. Obviamente que vou deixar algumas contas para o próximo pagar, como compra de jogador a prazo. O último presidente que assumiu o Inter e acreditou que acharia dinheiro no cofre, sabe o que aconteceu, né? (em referência a Jarbas Lima, que renunciou em 2000). Nem o Marcelo (Medeiros), nem o (Roberto) Melo podem ter algum tipo de surpresa porque eram jogadores deles, de quando estavam no departamento de futebol. Eu paguei. Eles não podem ter surpresas.
O quanto o pagamento de premiações e promoções de ingressos na reta final do Brasileirão impactaram nessas contas?
Não chegou a ser significativo, porque por outro lado o sócio colocou mais em dia a mensalidade. Era importante essa mobilização da torcida. Eu gostaria que ficasse bem clara essa questão de valores. Se olhar no Portal da Transparência, verá os movimentos contábeis. Faz parte.
Como o senhor esta se sentindo depois desse desfecho de temporada, com o rebaixamento?
Olha, na realidade, a gente veio caindo nos últimos 20 jogos. Impressionante isso, a apatia, a insegurança, seja lá o que for, dos nossos jogadores em campo. Tentamos de todas as maneiras, fizemos coaching, mobilização, trocamos técnicos. Fizemos tudo. Meu coração está em frangralhos. Obviamente, eu saio como sendo presidente que rebaixou o clube. Mas saio de cabeça erguida porque não cometi nenhum desatino, nenhum desvio. Quando lançam suspeitas dessa ordem, chocam a mim, chocam a minha família, chocam os meus filhos.
Houve alguma medida que o senhor se arrepende por ter deixado de tomar?
Nós agimos de todas as maneira, troquei de técnico, trouxe nada mais nada menos do que o Fernando (Carvalho) para nos ajudar. Eu e o Fernando formamos a dobradinha que mais conquistou títulos na história do clube. Não havia nenhum neófito no comando, portanto. A juvenilização que implementamos, mais algumas lesões, foram decisivas. Houve uma perda total de confiança em campo. Vou te lembrar do começo do Brasileirão: a nossa zaga não tomava gol de cabeça e fazia de gol de cabeça. Da metade em diante do campeonato, perdia todas de cabeça e não fazia mais gol. Isso é um exemplo.
Presidente, a questão do déficit de R$ 50 milhões partiu de entrevista do seu vice de finanças, Pedro Affatato a ZH. Só para registrar, não foi feita nenhuma ilação ou insinuação.
Isso é verdade (entrevista a ZH), mas ele se referiu à questão contábil. Eu poderia ter feito o que fez o Giovanni (Luigi), que antecipou valores da Globo e do Gauchão. Tiramos empréstimos e repactuamos dívidas. Mas os valores liquidos dos contratos serão recebidos integralmente. Claro que terá compromissos a pagar, como nós tivemos quando assumi. Eu paguei quase R$ 80 milhões. Se alguém vai chegar aqui, abrir o cofre e achar que tem dinheiro, vai se frustrar. Poderia ter vendido jogadores, como o Sasha, o Valdívia e oturos. Mas não vendi. Também não antecipei cota de televisão. O faturamento será praticamente integral. Tem compromissos a pagar, mas estão organizados, redistribuídos ao longo do ano.
Olhando para trás, o senhor não acha que faltou uma maior atenção de sua parte ao departamento de futebol, que contava com um dirigente que estreava na função?
Creio que o nosso maior equívoco foi essa juvenilização do grupo, que apoiei. Acabou o contrato do Juan, do Dida, que eram jogadores experientes, o D’Alessandro me pediu para sair, e eu só concordei com ele. O D’Alessandro já vinha me falando do desejo dele (de sair). As lideranças que surgiram neste ano não eram tão lideranças assim. Começamos a tomar gols depois dos 40 minutos do segundo tempo, gols esotéricos, o time foi afundando. Essa juvenilização, aliada à falta de segurança, à falta de experiência do time, nos ajudou a chegar em um momento tão triste como esse. Mas a torcida vai apoiar demais, vai empurrar o time, o Beira-Rio será uma loucura em 2017 para que a gente saia de cara dessa situação,
Presidente, não se criou um ambiente desconfortável para o D’Alessandro, ao ponto de que saiu?
Sinceramente, não vi esse desconforto.
Houve aquela entrevista na Flórida, do vice de futebol Carlos Pellegrini, em resposta à manifestação contrária do D’Alessandro em jogar a Primeira Liga. Nela, ele disse que jogador tinha de jogar e o dirigente, comandar.
O jogador tem que jogar o que o clube determina, ele tem de ir para o campo e cumprir a função dele. Não é um jogador que vai dizer essa competição jogo ou não jogo. Não quero entrar nesse tipo de polêmica.
Como tem sido seu dia a dia. Vivemos um período muito hostil em relação aos temas envolvendo o futebol, e o torcedor do Inter está muito machucado pelo rebaixamento. O senhor tem evitado aparições públicas?
Eu estou mais reservado. Até porque sou reservado. Reconheço que parte da torcida está irritada. Mas entre o estar irritado e causar um desconforto maior tem um passo ao qual não deixo chegar. Continuo levando minha vida, mas mais fechada do que já era. Eu não estou me sentindo bem, aqui é minha terra, é minha cidade. Respeito as pessoas e espero que me respeitem. Saio de cabeça erguida porque não meti a mão. Qualquer ilação nesse sentido, vou combater.