Ernani Junior Fetzer: O engenheiro da obra
Foto: Divulgação / RBS |
Primeiramente é de bom alvitre, que todos os colorados relembrem do pior dia de nossas vidas: “11 de dezembro de 2016 “. O dia do nosso rebaixamento para segunda divisão do campeonato brasileiro sob a batuta da gestão Vitório Piffero.
O clube estava devastado economicamente, com dívidas operacionais, salários e direito de imagens atrasados por mais de três meses. Categorias de base sucateadas, chegando ao ápice pela primeira vez na história, com às contas da gestão não sendo aprovadas pelo conselho e a imagem da instituição dilacerada no cenário nacional.
Uma nova gestão foi eleita pelo voto dos sócios. O Internacional precisava se “reinventar” sob comando de Roberto Melo, com uma herança de um grupo inchado de jogadores insuficientes tecnicamente e com inexplicáveis contratos de longa duração .
Sua primeira missão era oxigenar o vestiário e, com êxito, conseguiu negociar mais de 30 atletas com o mercado nacional. Adotou uma postura agressiva e arrojada nas negociações no mercado nacional e internacional, conseguindo contratar jogadores que interessavam a grandes clubes, como a surpreendente aquisição de William Pottker, artilheiro do Brasileirão em 2016.
Uendel, lateral titular do Corinthians, e do excelente Víctor Cuesta, zagueiro do Independiente da Argentina, além dos retornos do nosso maestro Andrés D’Alessandro e de Leandro Damião.
O objetivo foi conquistado, mas a temporada foi irregular com excesso de técnicos e baixo rendimento dos atletas, o que nos custou o título da série B e uma vaga nas oitavas de final da Copa do Brasil.
Veio o início da temporada de 2018, agora na série A e, com ela, a efetivação do treinador interino, Odair Hellmann. Com escasso poder de investimento, era necessário ser criativo e Roberto Melo foi. Vieram contratações pontuais como Patrick (sport) , Rossi (futebol chinês), Luca (Corinthians), Rodrigo Moledo (futebol turco) e a extraordinária troca de Sasha por Zeca.
Fui um ferrenho crítico da falta de profissionalização do departamento de futebol do Internacional e também da atuação de Roberto Melo, mas tenho que reconhecer: o grupo do internacional, tão exaltado atualmente, foi forjado e moldado pelo vice de futebol.
Seria leviano da minha parte creditar todo seu trabalho a um dos maiores executivos do país,Rodrigo Caetano, que está chegando agora e vai agregar muito ao internacional no aspecto da gestão de pessoas e profissionalização – sua contratação foi um gol de placa da atual gestão.
As críticas, desde que externadas pontualmente ao seu trabalho, são legítimas, como a falta do executivo desde o início da temporada (daria maior sustentação ao treinador incipiente no cargo) ou excesso de técnicos em 2017, que confunde o elenco.
Contudo, sou da ótica que treinador que inicia a temporada, deve terminar a temporada. Isso é planejamento, organização e execução , independente do meu gosto ou não pelo treinador. O cargo político de vice de futebol exige convicção no exercício do seu trabalho (início, meio e fim) e, neste quesito, neste ano, Roberto Melo está exercendo com todo mérito, inclusive mantendo a comissão técnica sob a pressão dos resultados e da torcida.
Não obstante, seria injusto da minha parte não creditar também ao CAPA e os analistas de desempenho. Eles trabalham junto com Roberto Melo na formatação e engenharia deste Inter, que está começando a nos encantar e devolver nossa esperança em dias melhores. Que dias como o 11 de dezembro de 2016 nunca mais mancham nossa história .
Ernani Junior Fetzer –