Opinião de Erick Jardim: “A melhor derrota da minha vida”

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Todos temos em nossas vidas datas importantes. Tenho o dia 12/02/2014, dia em que nasceu meu filho, 16/08/2006, 17/12/2006, entre outros. Hoje vou falar sobre o dia 01/10/1995(tive que pesquisar a data). Lembro de diversos detalhes daquele dia. Era um dia nublado, um domingo que seria um dia especial. Eu tinha apenas 5 anos e sempre via meus tios voltando dos jogos, sempre cabisbaixos, afinal eram os anos 90.

Neste dia o Inter iria jogar contra a Portuguesa no Beira-Rio e eles resolveram me levar ao jogo. Bandeira no carro, buzina tocando da Zona Norte até o Gigante. Me apaixonei de vez a partir do momento em que vi aquele mar vermelho indo em direção ao mais belo estádio do mundo. Ao lugar onde esquecemos de tudo e só pensamos em vencer àquela batalha campal que está ocorrendo diante de nossos olhos.

Lembro dos xingamentos ao árbitro(-Filha da ….), afinal, depois de anos fui realmente saber que era Sidrack Marinho. Logicamente não lembro de detalhes deste jogo, lembro apenas do silêncio no Gigante no gol feito pelo adversário.

Mesmo com a desilusão da torcida após o apito final, vejo hoje, 21 anos depois, que aquele dia me tornou um apaixonado pelo Inter. Foi muito difícil ser colorado nos anos 90, principalmente para as crianças, pois é nesta época que a paixão clubística nasce, é justamente neste momento que corremos o risco de “perder soldados” para o rival. Tentaram “me comprar”, uma criança, mas eu já estava apaixonado pelo vermelho e branco.

Meu avô era um colorado fanático, daqueles que não deixava gremista entrar em sua casa, me ensinou muito sobre futebol. Falava com saudosismo dos tempos de Falcão, Valdomiro, Carpegiani, Figueroa e tantos outros craques que desfilaram a exuberância de seu futebol no Gigante da Beira-Rio.E durante muitos anos, este era meu único argumento na escola. Meu avô foi meu espelho, foi minha referência de torcedor.

Correram os anos e surgiu o amanhã, e eu, cada vez mais apaixonado. Lembro de um Inter x Goiás no Serra Dourada, jogo encardido, Inter perdendo por 2 x 0 caindo da Copa do Brasil. Eu ajoelhado, 9 anos de idade com um lençol vermelho como se fosse uma bandeira. Era mais uma desilusão e mais uma preparação de defesa no dia seguinte na escola. Até que Régis desconta de cabeça. Fiquei tão feliz que pedi para que meu pai me levasse na rua para comemorar.

Ah anos 90… Época em que numa turma de 30 alunos, no máximo 5 eram colorados. Para fazer um gre-Nal na escola era um parto. Tivemos que chamar um colega nosso que havia chegado há pouco de São Paulo, torcedor do Santos, para que completasse o time.

Nós colorados, sabemos o que passamos para chegar onde chegamos. As glórias de um passado distante, as decepções de um passado não tão distante, as glórias de um passado recente, e uma turbulência passageira na atualidade.

Obrigado vô. Obrigado pai. Obrigado Tio. Obrigado Portuguesa. Espero que meu filho tenha o seu 01/10/1995 para que aprenda que mesmo perdendo nunca deixaremos de amar o Sport Club Internacional.

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